Um grupo hacker conhecido como Anna’s Archive afirmou ter realizado um dos maiores vazamentos da história da música digital ao baixar grande parte do catálogo do Spotify e disponibilizá-lo gratuitamente na internet. A ação foi divulgada no sábado, dia 20, e posteriormente confirmada pela própria plataforma de streaming.
Hacker afirma ter baixado milhões de músicas do Spotify
Segundo o Anna’s Archive, o grupo conseguiu extrair cerca de 256 milhões de faixas de música, incluindo diferentes versões das mesmas canções, além de 186 milhões de registros de metadados. O material foi descrito pelos responsáveis como o “primeiro arquivo de preservação totalmente aberto da música”.
Apesar do volume impressionante, o grupo afirma que os arquivos representam aproximadamente 37% do catálogo total do Spotify, mas correspondem a 99,6% das músicas mais reproduzidas na plataforma.
Scraping foi usado para extrair dados dos servidores
Para realizar a extração, os hackers utilizaram uma técnica conhecida como scraping, que envolve o uso de bots e scripts automatizados para coletar grandes volumes de dados diretamente de websites e serviços online.
De acordo com o grupo, foram obtidos cerca de 300 terabytes de dados diretamente dos servidores do Spotify. Para efeito de comparação, seriam necessários aproximadamente 2.500 smartphones com 128 GB de armazenamento para guardar todo esse conteúdo.
Spotify confirma acesso não autorizado
Em comunicado ao site Android Authority, o Spotify confirmou a ocorrência do incidente, embora não tenha validado oficialmente os números divulgados pelo grupo. Segundo a empresa:
“Uma investigação sobre um acesso não autorizado identificou que um terceiro realizou scraping de dados públicos e utilizou táticas ilícitas para contornar nossas defesas e acessar alguns arquivos de música da plataforma.”
Até o momento, o Spotify não informou quais medidas adicionais de segurança serão adotadas nem se usuários foram impactados diretamente.
Hacktivismo e discurso de preservação cultural
No blog oficial do Anna’s Archive, grupo já conhecido por ações semelhantes envolvendo livros e artigos científicos, os responsáveis defendem que o objetivo não é financeiro, mas sim a preservação do conhecimento e da cultura humana.
Além de liberar os arquivos, o grupo realizou diversas análises a partir dos dados obtidos, incluindo:
- Duração média das músicas;
- Quantidade de faixas com conteúdo explícito;
- Comparação entre versões explícitas e “limpas”;
- Identificação das músicas mais longas do catálogo.
Um dado curioso revelado foi que quase mil músicas disponíveis no Spotify ultrapassam cinco horas de duração.
Impactos e preocupações para a indústria musical
O caso reacende debates importantes sobre segurança de dados, proteção de conteúdo digital e os limites entre preservação cultural e pirataria. Especialistas alertam que vazamentos dessa magnitude podem gerar impactos significativos para artistas, gravadoras e plataformas de streaming.
O episódio também reforça a necessidade de investimentos contínuos em cibersegurança, especialmente em serviços que lidam com grandes volumes de dados e conteúdo protegido por direitos autorais.
