Ferramenta de IA agora pode usar dados pessoais para oferecer respostas mais completas — mas levanta dúvidas sobre privacidade.
O Google anunciou uma grande atualização para o Gemini Deep Research, seu sistema de pesquisa automatizada com inteligência artificial. Agora, o recurso poderá acessar informações do Gmail, Google Drive e Google Chat, desde que o usuário autorize explicitamente. O objetivo é tornar as respostas da IA mais contextuais e precisas em consultas complexas.
Baseado no modelo Gemini 2.5 Pro, o Deep Research atua como um agente autônomo de múltiplas etapas, capaz de planejar, orquestrar e executar buscas avançadas em diferentes fontes de dados. Segundo Dave Citron, diretor sênior de produto do Gemini, o sistema cria um “plano de pesquisa” que o usuário pode revisar antes da execução. Após a aprovação, a IA realiza uma análise aprofundada, explorando a web e, se permitido, os arquivos pessoais do usuário.
Com o novo recurso, o Google se posiciona de forma competitiva diante de rivais como OpenAI e Perplexity, que também oferecem ferramentas de pesquisa profunda. O modelo Claude, da Anthropic, por exemplo, já permite acesso a dados de Google Drive, Slack, Maps e iMessage, aumentando o contexto das respostas — mas também levantando preocupações sobre privacidade e segurança de dados.
O Google garante que as informações acessadas pelo Gemini Deep Research não são usadas para treinar modelos de IA generativa. No entanto, o aviso de privacidade destaca que revisores humanos podem analisar parte das informações coletadas. Por isso, a empresa recomenda não inserir dados confidenciais que não devam ser visualizados por terceiros.

Além disso, o Google ressalta que a ferramenta não deve ser utilizada para decisões críticas, como aconselhamento médico, jurídico ou financeiro. A empresa reconhece que ainda há limitações quanto à precisão das fontes e à ausência de acesso a estudos científicos pagos — o que tem gerado opiniões divididas entre especialistas.
Alguns críticos afirmam que o Deep Research ainda carece de rigor acadêmico. O consultor educacional Leon Furze comentou:
“É uma ferramenta voltada para quem precisa produzir relatórios longos e aparentemente precisos — mas que poucos realmente leem. Ela cria a aparência de pesquisa, sem necessariamente realizar pesquisa de verdade.”
Com essa atualização, o Google aprofunda a integração entre IA e dados pessoais, reacendendo o debate sobre privacidade, conveniência e controle da informação em um mundo cada vez mais dependente de assistentes autônomos.
